No dia seguinte acordei no hostel com o belga e italiana e depois do pequeno almoço fomos para o centro da cidade, eles para tentarem encontrar outro hostel e eu para visitar a cidade e tentar encontrar a embaixada da mauritânia (precisava de um visto para essa parte da viajem).
Na Place de L'Indépendence separámo-nos e cada um seguiu o seu caminho.
Não demorou mais que uns minutos até ser encontrado por alguém que insistia em mostrar-me (de borla) a cidade e o caminho para a embaixada da mauritânia. Já sabia que no fim me iam pedir dinheiro pela visita gratuita mas como avisei inúmeras vezes que não precisava de nenhuma visita e que não ia dar dinheiro no fim e o "mon ami" continuava a insistir que era de borla lá fui com ele. Visitamos o palácio do governador que ficava perto, o meu guia improvisado era simpático e lá foi dando algumas informações sobre a cidade e o país. Como tinha fome e era hora de almoço sugeri que fossemos a algum lado para comer.
- Un bon restaurant?
- Não. Um sítio barato, o tipo de sítio no qual os senegaleses de Dakar vão comer.
Levou-me a um pequeno restaurante junto ao porto, com um aspecto velho e sem decoração, ao ar livre mas com um tecto de chapa e perguntou se podia pedir uma gazelle(cerveja) para ele, disse-lhe que pedisse uma para mim também.
A comida yassa poisson tinha bom aspecto e muito bom sabor e a gazelle geladinha sabia mesmo bem com a comida condimentada e o calor tropical. A comida foi servida nos mesmos pratos para os dois.
A seguir pedi que me levasse à embaixada da Mauritânia. Disse-me que deviamos ir pelo mercado que ficava pelo caminho. No mercado fez-me ver várias tendas e barracas que obviamente eram de amigos dele. Insistiu comigo em todas elas para que comprasse alguma coisa, que me fariam melhor preço por ser amigo dele. Acabei por comprar um bubu (roupa tradicional) de duas peças calças e camisola, por um preço que obviamente incluia (mais tarde confirmei isto) uma pequena comissão para ele. Ainda assim foi bastante barato!
Quando decidi que já tinha visitado suficientes lojas de artesanato e roupa e já tinha conhecido muitos dos amigos do meu "guia" metemo-nos num taxi e fomos até à embaixada onde fiquei a saber que tinha chegado tarde demais e já não ia ser recebido naquele dia. Para ser recebido deveria chegar de manha cedo e esperar pela minha vez.
O meu guia disse-me que se ia pedir um visto ia precisar de fotocópias do passaporte autenticadas pela policia. Fui tirar fotocópias com ele e depois fomos à esquadra, ele tinha-me dito que a autenticação era gratuíta, mas o polícia disse-me que ia demorar talvez um dia talvez uma semana que estavam muito atarefados (não os via a fazer nada). Como eu não tinha percebido bem a mensagem o "mon ami" apreçou-se a descodificar, era preciso subornar o polícia para receber as fotocópias autenticadas, senão podia demorar uma semana ou mais até ter a autenticação
... mais tranquil mon frére je parle avec le gendarme et ça ce fait pas chére 5000cfa est sufi!
Aquilo não me agradou e fui eu falar com o polícia disse que precisava das autenticações e ele olhou para mim como se não entendesse o meu francês e queixou-se que a vida na polícia é dificil e nem dinheiro para tomar café tinha, dei-lhe 2000cfa disse que era um presente para ir tomar café e ele carimbou-me imediatamente as fotocópias.
Despedi-me do meu guia e decidi ir procurar o americano(já o tinha tentado contactar mas o telefone não chamava) mas tinha uma morada. O problema era que na morada não vinha o nome da rua, o que é normal porque grande parte das ruas em Dacar não tem nome, só as maiores ou mais importantes. No entanto vinha o bairro "Ouakam" e um número. Pensei que procurando no bairro podia a partir do número (seria um código postal completo?)descobrir aproximadamente a rua e depois podia perguntar onde viviam os americanos, seria como encontrar uma agulha num palheiro, mas as pessoas conhecem-se umas ás outras e os "brancos" dão nas vistas no Senegal por isso talvez tivesse sorte.
Andei ás voltas pelo bairro de Ouakam enquanto entardecia, até que encontrei um posto de correio e percebi que o número que tinha não era uma código postal completo, era de um apartado. Ia desistir mas um homem perguntou-me porque é que estava a olhar para as caixas de correio. Contei-lhe a história e ele sugeriu que eu talvez não tivesse marcado o número correctamente, eu contei que marquei com indicativo, sem indicativo, com zero sem zero e de todas as formas possiveis, ele perguntou se o meu telefone funcionava no Senegal, respondi que sim que já tinha recebido chamadas (dos meus pais) por isso funcionava, ainda assim ele pediu-me o número e tentou ligar com o telemovel dele e para grande supresa minha o Natham atendeu a chamada!!! Falei com ele e combinámos encontrar-nos num restaurante perto da casa dele.(O Roaming afinal não funcionava bem!) Fui ao hostel buscar a mochila e fui ter com ele ao restaurante.
Agora tinha um sitio onde dormir gratuitamente em Dacar e alguém para me dar algumas indicações sobre a cidade!
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