quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Casamance / Casamansa





Casamance(fr) ou Casamansa(pt) é o nome que se dá à região do Senegal situada a sul do Gâmbia e a norte da Guiné-Bissau, cortada pelo rio Casamansa ou Casamance.
É uma região de clima quente e bastante mais húmido que o resto do Senegal, assemelhando-se ao clima da Guiné-Bissau.
A região possuí uma vegetação luxuriante e os solos mais ricos do país onde se produzem vegetais e principalmente arroz.
As praias são também as mais paradisíacas do Senegal, luminosas, de areia branca e frequentemente orladas de coqueiros. Existem inúmeras ilhas intercaladas com canais e mangais, coqueirais e campos de arroz.
Culturalmente Casamansa constituí também uma das partes mais interessantes do país. Nesta parte os Djola ou Diola são a etnia mais numerosa, mas muitas outras existem como os Mandingas, os Wolof, os Peul, os Mancagne, os Mandjack, os Soninké, os Serer, os Bainnounck e os Pépel. Uma parte importante da população, particularmente em Ziguinchor é crioula, descendente de colonizadores portugueses e mulheres de etnia diola ou outras da região, são por vezes apelidados de "fijus di terra". De facto o crioulo de base portuguesa é falado como primeira ou segunda língua pela maior parte dos habitantes de Ziguinchor e são comuns nomes como da Silva, Carvalho ou Fonseca.
De facto crê-se que o próprio nome da cidade deriva do português "Cheguei e choram", isto porque os nativos ao ver os barcos europeus a chegar choravam porque seriam vendidos como escravos.
Ziguinchor foi durante muito tempo um ponto importante da rota de comércio de escravos desde Sédhiou, passando por Ziguinchor e Karabane e daí para Gorée, Cacheu ou directamente para as Américas.
Ao contrário do que acontece no resto do Senegal em Casamance uma grande parte da população é católica ou animista embora o número de muçulmanos seja também considerável.
Talvez por isso certas tradições ancestrais vigoram aqui até aos dias de hoje, uma das mais interessantes será porventura o festival celebrado em honra do rei de Oussouye.
Este festival anual que dura uma semana consiste em torneios de laamb (luta tradicional senegalesa) e danças tradicionais (Ekonkone). Centenas de jovens senegaleses dançam e competem para impressionar o rei. Este usa um traje vermelho vivo e exibe um ceptro real, e é um respeitado lider animista, chefe político e poderoso feiticeiro. O seu conselho é valorizado e a sua influência estende-se a toda a região.
Mas não há bela sem senão. Apesar de toda a sua inebriante beleza, dos seus solos férteis e das suas tradições únicas, Casamasa têm os seus problemas. Apesar do acordo de paz celebrado em 2004 a região continua instavel.
Casamasa começou por ser uma feitoria portuguesa, quando os portugueses cederam lugar aos franceses foi integrado na Federação do Mali que incluia também o Mali e o Senegal.
Quando a federação proclamou independência, o Mali e o Senegal separaram-se ficando Casamance unido ao Senegal com base num documento de 1958 com validade prevista por 20 anos.
Em 1980 o presidente do Senegal, Senghor, entendeu que "...para o bem das duas nações" Casamasa deveria continuar ligado ao Senegal. Entretanto os Djolas, etnia dominante na região queixavam-se de serem marginalizados economicamente pelo governo.
Em 1982 uma grande manifestação em Ziguinchor com a presença de mais de 100 mil pessoas de diversas etnias exigindo a independência da região foi reprimida pelas forças de segurança de forma violenta registando-se mais de mil mortos.
Desde então o MFDC tornou-se um movimento separatista que optou pela luta armada. Depois de muitos anos de luta que provocaram muitas mortes refugiados e influenciaram e foram influenciados nas lutas pelo poder na Guiné-Bissau, o MFDC celebrou um acordo de paz com os governos de Wade (Senegal) e Nino Vieira (Guiné-Bissau).
No entanto a situação continua instavel e confrontos ocasionais continuam a ocorrer, embora estes estejam relacionados muitas vezes com bandidos que executam roubos e sequestros por dinheiro e não propriamente por uma causa política.
Os sucessivos golpes de estado ( e tentativas) na Guiné-Bissau vieram acrescentar ainda mais instabilidade.
Nas cidades não há problemas, mas nas estradas a segurança é assegurada por patrulhas militares com carros blindados e tanques. Postos de controlo e barricadas são comuns á entrada ou saída de aldeias e intersecções de caminhos.

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