segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Tabakouta - Barra - Banjul - Sukuta





Rota de Tabakouta no Senegal até Sukuta no Gâmbia
Passar a fronteira entre o Senegal e o Gâmbia tem as suas particularidades. Pagar ou não pagar para entrar no Gâmbia depende da nossa nacionalidade, da fronteira que escolhemos e de quanto tempo vamos passar no país.
Aparentemente a melhor opção se quisermos apenas seguir para Casamance(Sul do Senegal) sem parar no Gâmbia é seguir a Estrada N4 TransGambia e passar o rio Gâmbia em Farafenni.
No entanto se pretendermos ficar uma ou mais noites no Gâmbia é indiferente a fronteira porque é necessário pagar na mesma. A informação que nos deram foi que por algum motivo o visto seria de borla para africanos, uma pequena quantia para europeus ou americanos e mais caro para franceses ou canadianos.
Eu queria ir passar uns dias ao Gâmbia onde tinha alojamento na casa de um couchsurfer, mas o Julien e o Mourad queriam seguir directamente para Casamance, por isso enquanto que eu apanhei um táxi-brousse para sul para a fronteira de Karang, o Julien e Mourad seguiram para trás para Kaolack para poderem tomar a rota de Farafenni.
Chegado à fronteira tive de carimbar o passaporte em ambos os lados da alfândega. Do lado do Gâmbia foi necessário pagar 6000 CFA (9 Euros) pelo visto.
Tinha de apanhar outro transporte, mas todos os condutores de taxi ou de taxi-bush me queriam fazer um preço bem acima do que era o valor que vinha assinalado no lonelyplanet como sendo o normal, e bem acima do valor que os senegaleses que fizeram a viagem me disseram que se pagava.
Tentei negociar de todas as maneiras possiveis e nada deu resultado e eu não estava disposto a pagar um preço dispartado por isso disse aos taxistas que me ia embora para Barra (onde se apanha o ferry para Banjul) a pé (são só 18 km). Ao fim de um quilómetro encontrei mais um taxi-brousse cujo motorista tinha parado para tomar cha. Perguntou-me o que estava a fazer e disse que ia a pé para Barra porque me queriam fazer um preço injusto. Ele disse que me levava a Barra e perguntou quanto é que eu estava disposto a pagar. Disse o meu preço e ele aceitou.
Á chegada a Barra comprei o meu bilhete para o ferry. Felizmente aceitavam Francos da África Ocidental, porque eu ainda não tinha Delasi (não quis comprar na fronteira porque eram do mercado negro e não me estavam a fazer uma taxa boa.
Arco 22 comemorativo de um golpe de estado
Depois de esperar umas horas pelo barco começou a acumular-se uma multidão junto aos portões que davam acesso ao cais de embarque. Institivamente juntei-me ao amontoado de gente que esperava junto aos portões, então abriram os portões e as pessoas desataram a correr para o barco. Desatei a correr também e percebi que quem não corre arrisca-se a ficar em terra à espera do próximo barco que pode demorar horas. Eu só consegui um lugar ao sol, mas fiquei no barco, muitas pessoas não tiveram a mesma sorte e ficaram no cais.
Cheguei a Banjul e julguei que agora já não havia mais espera era só sair do barco e ir à minha vidinha... Puro engano, primeiro esperei uns minutos até que abrissem os portões, depois fui chamado pela policia (os outros brancos também) e tive que mostrar o passaporte, a mochila e todo o seu conteúdo para mostrar que não estava a fazer contrabando.
De seguida tive que exibir todos os medicamentos que tinha em minha posse para serem inspecionados. Nunca durante toda a viagem vi gente a trabalhar com tanto zelo como os policias inspecionavam os medicamentos dos turistas. Obviamente que eu levava bastantes medicamentos, estava prevenido para muitas coisas. Tinha o medicamento de prevenção da malária, 2 caixas de imodium, anti-histaminicos, anti-inflamatórios, anti-ácidos e um antibiótico de largo espectro e umas pastilhas de clorina para desinfectar água.
aspecto de Serrekunda (imagem sacada da net)
Primeiro verificaram se os comprimidos no interior de cada caixa correspondiam à embalagem, depois verificaram um por um o principio activo de cada medicamento e conferiram nas listas deles (umas 12 páginas de fotocópias com as letras muito pequeninas) se a substância presente no medicamento era ilegal no Gâmbia. Verificaram e verificaram e pareciam muito desapontados por não encontrarem nada. Grande parte dos outros turistas que estavam a ser inpecionados tinha algum tipo ilegal de comprimido e tinham de pagar multas pesadas (por exemplo qualquer tipo de anti-depressivos era ilegal, mesmo se prescrito por um médico).
Finalmente deixaram-me ir embora.
Fui ao banco levantar alguns Delasi e a um tasco almoçar. A comida era bastante enjoativa; arroz com um molho de tomate misturado com carne e peixe moidos.
Até chegar ao hotel onde trabalha o Alieu ainda tive que apanhar autocarro e táxi.
Fiquei na casa ao fundo desta rua, nas traseiras da mesquita
Gostava de dizer que vi várias coisas no Gâmbia, mas a verdade é que vi muito pouco. A única coisa que fiz foi andar com o Alieu pelo bairro dele a visitar a casa dos seus vários amigos. Passamos o dia a ver televisão em Wolof e videoclips de rap Gâmbiano, Senegalês e Jamaicano. Os amigos não eram muito comunicativos.
Devia ter ido à praia perto do hotel quando lá estive, mas na altura julguei que lá voltava mais tarde e não me passava pela cabeça que fosse preciso apanhar dois ou três táxis diferentes para lá chegar (táxis colectivos, se forem individuais basta um, mas isso é caro).
Ainda assim deu para ficar com algumas impressões, o país é muito parecido com o Senegal, mas existem menos "chatos de rua" (pessoal que nos quer à forçar vender coisas ou mostrar a cidade), não se discute política na rua nem se pode dizer mal do presidente em público, as pessoas falam inglês como segunda lingua em vez de françês.
Depois de dois dias no Gâmbia (que deviam ter sido melhor aproveitados) parti de novo para o Senegal, desta vez rumo a Casamance, a provincia do Senegal a sul do Gâmbia.

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